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‘O que mais me dói é saber que ele sofreu lá dentro’, diz tutor de cachorro que morreu em transporte aéreo

O tutor do cachorro que morreu no transporte aéreo da Gol, João Fantazzini, afirmou nesta terça-feira (23) que o mais doloroso é saber que Joca sofreu antes de morrer. O golden retriever embarcou nesta segunda (22), com destino a Sinop, em Mato Grosso, mas acabou indo para Fortaleza, Ceará, por um erro da empresa.

Segundo o tutor do golden retriever, o veterinário tinha dado um atestado indicando que o animal suportaria uma viagem de duas horas e meia, mas com o erro, o Joca ficou quase 8 horas no trajeto.

“Eu sempre vi as mensagens das pessoas sobre os cachorros morrerem nesta situação, mas eu nunca esperava isso, acho que o que mais me dói é saber que ele sofreu lá dentro, porque não é justo ele ter morrido desse jeito”, contou à reportagem da TV Globo.

O golden retriever Joca, de cinco anos, foi levado por engano para Fortaleza e ficou cerca de 1h30 na pista de embarque e desembarque, com temperatura de cerca de 36° C, segundo a família, dentro do canil, sem comer nem beber.

“Não tem ninguém que aguente uma pista aérea com 36 graus de sol, ele fechado na caixa, eles não tiraram ele da caixa, ele voltou todo molhado”, contou João à TV Globo.

Os dois se mudariam para Sorriso (MT) e tudo já estava organizado. Ambos embarcaram para chegar no mesmo horário em Sinop, mas quando o tutor desembarcou e foi procurar o cachorro, a companhia perguntou se ele queria voltar para São Paulo para buscar Joca, que tinha ido para outro estado por uma falha.

A companhia ofereceu voo de ida e volta São Paulo/Mato Grosso e hospedagem gratuitos. Ao chegar em São Paulo, outro funcionário da companhia foi receber João dentro do avião, ofereceram comida e depois o deixaram esperando até o pouso do voo em que o cachorro estava.

“Às vezes eu sinto que foi egoísmo meu, que eu poderia ter deixado ele aqui, mas sempre foi eu e ele, sempre. Quando eu saía do meu apartamento ele ficava me esperando o dia inteiro na frente da porta. Ele era um filho para mim. Eu sempre falei que ele foi a minha melhor escolha e agora ele foi embora. O que mais me mata é que ele não deveria ter morrido daquele jeito que eu vi”, desabafou João.

“Ele saiu bem, ele voltou morto pra mim. Um descaso total lá dentro, porque ninguém falava nada [comigo]. Eles vinham com lanchinho para mim, pra que que eu vou querer comer? Eles acham que eu preciso que alguém me dê um lanche para comer? O que eu espero é que eles paguem”, completou.

Segundo o tutor, Joca não deve ter se alimentado durante o voo, o que não era uma preocupação inicial, porque o voo seria curto. Fotos do pet em Fortaleza bebendo água através das grades do canil por uma garrafa de plástico foram compartilhadas com o tutor pela companhia.

João retornou para São Paulo e, no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, esperou a chegada do voo em que o cão estava apenas para recebê-lo sem vida, dentro do canil. João já tinha sido avisado que o cachorro tinha passado mal e o informaram que um veterinário tinha sido acionado. O profissional viu Joca três horas depois de ele ter desembarcado, ainda segundo João.

Enquanto João aguardava o cachorro chegar, procurava saber se o cachorro estava bem, mas ninguém o informava nada, até que Joca chegou e ele o encontrou já sem vida dentro do canil.

“[Disseram que] ele não se sentiu bem no voo, perguntei se ele tinha morrido e ela não respondeu. Pediram para um veterinário vir, não tinha veterinário lá, nem aqui quando ele chegou”, contou João.

João disse que não ia viajar com a Gol, mas que foi oferecido um desconto de metade do valor para transportar o cachorro, então aceitou: de R$ 4.800, foi cobrado R$ 2.400.

Por meio de nota, a Gol afirmou que foi surpreendida com o falecimento de Joca porque ele recebeu cuidados da equipe na capital cearense. Segundo a empresa, a morte aconteceu logo depois do pouso em Guarulhos (leia nota completa abaixo).

O que diz a Gol

 

Leia abaixo a íntegra do comunicado da empresa:

“A GOL lamenta profundamente o ocorrido com o cão Joca e se solidariza com a dor do seu tutor. A Companhia informa que o cão Joca deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo 1480 do dia 22/04, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR).

Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o Joca.

A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o Joca e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do Joca sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos (GRU), vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do animal”.

Fonte: G1 (Foto: Reprodução/TV Globo)