Um líder religioso de 45 anos foi preso suspeito de abusar sexualmente de pelo menos 4 mulheres, entre elas duas menores de idade, em Araraquara (SP). Os crimes aconteceram em um terreiro de umbanda, no Jardim Maria Luiza 3, segundo a delegada Meirelene de Castro Rodrigues, da Delegacia de Defesa da Mulher.
A polícia investiga os crimes de violação sexual mediante fraude, estupro de vulnerável e importunação sexual. O homem alegava estar incorporado por uma entidade, de acordo com a delegada. Há também relatos de disparo de arma de fogo, ameaça e lesão corporal.
Rodrigo de Lima Baptista foi preso na terça-feira (30) pela Polícia Militar, após decretação da prisão temporária de 30 dias pela Justiça. A defesa dele informou ao g1 que está acompanhando dos depoimentos e vai se manifestar em seguida.
Crimes em terreiro de umbanda
Segundo a delegada, a investigação começou com o relato de duas vítimas que registraram boletim de ocorrência denunciando o líder religioso. Depois outros dois casos foram registrados.
Os casos começaram a cerca de 1 ano, mas as vítimas demoraram a se dar conta do que estava acontecendo, porque ele alegava estar incorporado por uma entidade.
Ainda segundo a delegada, o homem utilizava a fé das vítimas como desculpa para praticar os abusos, que teriam ocorrido em um quarto construído pelo suspeito para esta finalidade.
“[Ele alegava que] a entidade que pedia que ele agisse dessa forma. Por isso, num primeiro momento, houve uma confiança das vítimas e familiares que aquilo fazia parte de um ritual da religião, quando na verdade não era nada disso que acontecia”, disse a delegada.
Na terça-feira (30), a DDM cumpriu mandado de busca e apreensão na residência em que o suspeito residia e onde também funcionava o terreiro de umbanda. No local, foram encontradas armas brancas, como espadas, punhais e machados, e uma arma de fogo. Os objetos seriam usados em rituais religiosos.
Horas depois, a Polícia Militar cumpriu um mandado de prisão temporária expedido pela 2ª Vara Criminal de Araraquara e prendeu o suspeito na casa do irmão, no Jardim Maria Luiza 4.
Possibilidade de mais vítimas
Para a delegada, o número de vítimas pode aumentar com a divulgação do caso. “Acredito que várias vítimas passaram pela mesma situação e, por receio ou vergonha, não procuraram a polícia ainda para registrar o fato”, disse.
Segundo Meirelene, as provas e os relatos são contundentes e inquestionáveis. Mas outras pessoas, incluindo testemunhas e familiares das vítimas, ainda serão ouvidas antes do depoimento do suspeito, que não tem data para ocorrer.
A delegada reforçou ainda que o crime foi praticado por pessoa física e não envolve a religião. “A gente não pode confundir a religião com o criminoso. O nosso respeito pela religião umbandista, que foi usada como desculpa para ele poder praticar esses atos criminosos contra as vítimas vulneráveis, que compareciam e frequentavam este centro de umbanda, acreditando estar sendo atendidas por uma entidade”, disse.
O homem está preso em Santa Ernestina. A prisão temporária pode ser prorrogada por mais 30 dias ou convertida em preventiva, quando não há prazo para terminar.
Fonte: G1