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Casal de Bauru perde R$ 12 mil no “Jogo do Tigrinho”

Um casal de Bauru sofreu, recentemente, prejuízo de R$ 12 mil com o “Jogo do Tigrinho”, um tipo de cassino online capaz de fazer o usuário acreditar na possibilidade de ganhar dinheiro fácil a qualquer momento ou então de recuperar investimento perdido nas rodadas anteriores.

“A plataforma é convidativa, o layout caça-níquel prende o internauta. Também são inúmeros os influencers que divulgam o jogo, altamente viciante. E, no final, como em todo o cassino, virtual ou não, a banca sempre vence”, alerta o delegado Alexandre Protopsaltis, coordenador do Setor de Investigações Gerais da Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Bauru.

De acordo com ele, este caso do casal é apenas um dentre vários na cidade, sendo que o valor expressivo de prejuízo chamou atenção. Sem apontar a identidade das vítimas, Protopsaltis conta que a mulher aderiu à plataforma e foi vendo o prejuízo aumentar. O marido, inclusive, precisou ir até a uma agência bancária e retirar o dinheiro da conta para que ela parasse de debitá-lo. “Consequência do vício”, comenta.

Ainda segundo o delegado, por diversos motivos, a Polícia Civil fica impossibilitada de agir contra essas plataformas e os prejuízos não são recuperados. Ele explica que a atual legislação precisa ser alterada no Congresso, porque estes jogos online são enquadrados na Lei de Contravenções Penais, de 1941, portanto, não são classificados como crime.

Também existe o fato de os aplicativos terem seus servidores registrados fora do Brasil, exigindo que as investigações lancem mão de carta rogatória, um instrumento jurídico para comunicação entre as Justiças de países diferentes. Mas nem sempre a nação estrangeira colabora, acrescenta o delegado. O Código Civil Brasileiro também não oferece amparo às vítimas, assim como o próprio Código de Defesa do Consumidor, por conta da falta de regulamentação, frisa Protopsaltis.

“Se for pegar ao pé da letra, a própria vítima seria enquadrada como contraventora pela lei. Então as pessoas precisam tomar cuidado, ter controle, diálogo, porque têm filhos perdendo dinheiro dos pais, casais tendo prejuízos. Tudo por conta de ganhos ilusórios”, pontua o delegado.

NA PRÁTICA

A reportagem acessou um destes cassinos online e constatou que a plataforma só libera partida quando o interessado insere dinheiro. A quantia fica na nuvem, sempre aos olhos do usuário (na parte superior da tela do celular), que é estimulado a investir mais, depois de receber bônus. Sempre via PIX. O problema é que essa quantia bonificada não pode ser sacada a qualquer momento. E, quando o jogador se dá conta, de acordo com relatos de quem perdeu dinheiro, o montante já foi gasto. Nesta fase, o “Tigrinho” oferece mais bônus, podendo dobrar ou até triplicar o já aplicado, desde que o usuário faça novos depósitos, aumentando o déficit do jogador. Vira a chamada ‘bola de neve’.

ESTADO DE SP

O governo do Estado de São Paulo divulgou recentemente que contabilizou mais de 500 boletins de ocorrências contra os “Jogos do Tigrinho”. Há relatos também até de suicídios. Em nota publicada em seu site, a gestão paulista acrescenta que a Polícia Civil apura a atuação de organizações criminosas que, supostamente, usariam a plataforma para aplicar golpes.

Ainda segundo a polícia, golpistas pagariam influenciadores digitais para que divulguem o jogo com postagens de ostentação, situação conquistada graças aos supostos ganhos na plataforma.

Fonte: JCNET (Foto:Bruno Freitas)