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Câmara de Botucatu aprova estudos quanto ao uso de cloroquina e ivermectina para tratamento da Covid-19

Sem projetos em pauta e com um vídeo alusivo ao Dia Mundial da Água dando início aos trabalhos, a sessão ordinária desta segunda-feira na Câmara de Botucatu prometia ser tranquila. No entanto, o pedido de destaque a um requerimento e sua posterior deliberação na Ordem do Dia dominaram e esquentaram o debate na noite de 22 de março.

De autoria dos vereadores Sargento Laudo (PSDB) e Abelardo (Republicanos), o requerimento 187/2021 solicitava ao Conselho Municipal de Saúde a realização de estudos visando, com a devida orientação de médicos das unidades básicas de saúde, a distribuição de ivermectina a munícipes que queiram utilizá-la como tratamento precoce da covid-19. A propositura também pedia que pacientes já diagnosticados com a doença tenham à disposição, caso queiram, medicações como cloroquina, azitromicina e antitérmicos.

O vereador Abelardo iniciou o debate pedindo destaque da matéria no Pequeno Expediente. Pelo regimento da Câmara, quando uma propositura recebe destaque, ela deve ser votada à parte das demais. Assim, ele e o vereador Sargento Laudo tiveram tempo já nesta fase da sessão para defender a ideia de sua autoria por meio de colocações em suas falas e exibição de vídeos que corroboravam a eficácia do uso do tratamento precoce da covid-19.

A fim de que os demais vereadores pudessem se posicionar na discussão, o presidente da Câmara, vereador Palhinha (DEM), solicitou que o requerimento fosse transferido para a Ordem do Dia. O plenário aprovou e o assunto continuou quente até o fim da noite. Todos os vereadores presentes tiveram a chance de falar: no Grande Expediente, falou o vereador Marcelo Sleiman (DEM); fizeram dobradinha de Grande Expediente e Ordem do Dia os vereadores Abelardo, Alessandra Lucchesi (PSDB), Cula (PSDB), Cláudia Gabriel (DEM), Erika da Liga do Bem (Republicanos) e Sargento Laudo; e na Ordem do Dia ainda marcaram posição os vereadores Rose Ielo (PDT), Silvio (Republicanos) e Palhinha.

O debate

As diversas opiniões ao longo do debate expuseram posições favoráveis e contrárias ao requerimento. Quem o defendeu levantou pontos como a necessidade de ter uma resposta oficial do Conselho de Saúde para justificar o uso ou não da medicação, o direito do munícipe de ter acesso a remédios caso estudos comprovem sua eficácia e a importância de se salvar vidas na pandemia. Ainda aconteceram o depoimento emocionado do vereador Silvio sobre a dificuldade de enfrentar a doença e o pedido do vereador Cula para que todos se colocassem em oração por três minutos.

Os argumentos para rechaçar a propositura foram questões como a ausência de comprovação científica sobre a eficácia da ivermectina no tratamento precoce da covid, a falta de sensibilidade com os profissionais de saúde ao não ouvi-los e sobrecarregá-los com o pedido, a confiança nos gestores da saúde e profissionais da UNESP em suas prescrições e protocolos e a desinformação gerada em torno do requerimento na internet, que propagou que a Câmara votaria a utilização da ivermectina, quando na verdade se tratava da solicitação para realização de um estudo sobre a possibilidade. No sentido do combate à desinformação, houve o esforço para explicar o requerimento e as dinâmicas de votação da Câmara.

No fim, votaram favoráveis ao requerimento os vereadores Abelardo, Cula, Erika da Liga do Bem, Sargento Laudo, Rose Ielo e Silvio. Votaram contrários os vereadores Alessandra Lucchesi, Cláudia Gabriel e Marcelo Sleiman. O presidente da Câmara, vereador Palhinha, não vota e o vereador Lelo Pagani (PSDB) justificou a ausência da sessão com atestado médico. Resultado: requerimento aprovado.

Refletindo a polarização em plenário, a sessão terminou por volta das 23h30 com altos índices de interação defendendo ou criticando a propositura. Foram registrados mais de 1800 comentários no Facebook.

 

Fonte: Notícias Botucatu

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