Moradores do Jardim Cambuí e entorno relataram a incidência, há alguns dias, de mau cheiro vindo de um córrego existente em uma área verde na região. O problema foi causado por um defeito apresentado em uma válvula de escape existente na tubulação da rede de esgoto da Sabesp.
Segundo os populares, o problema ocorre há mais de um ano. Isso devido ao esgoto que tem sido despejado no córrego São Caetano (cuja nascente está no Distrito Industrial 1), que deságua em outros como o rio Capivara e, posteriormente, no Tietê.
Conforme relataram, a incidência é de esgoto doméstico que vem da Estação Elevatória de Esgoto existente nas proximidades, sob responsabilidade da Sabesp. Alguns vídeos postados em redes sociais mostram quantidade considerável de dejetos indo diretamente para o córrego.
Em 3 de outubro a companhia de saneamento teria feito a manutenção na estação elevatória, mas o problema voltou a ocorrer no dia seguinte. Por meio de nota, a empresa reforçou que ocorreu “manutenção emergencial na estação elevatória de esgoto após identificada falha no funcionamento da bomba, causando vazamento”.
Segundo esclarecimento enviado pela Sabesp, a “falha foi provocada pelo uso inadequado da rede de esgoto, com o despejo de objetos que prejudicam o escoamento e funcionamento do sistema. O uso inadequado das redes, como o despejo de óleo, objetos e lixo em vasos sanitários, pias e ralos, é a principal causa de obstruções e vazamentos, trazendo prejuízos para toda a população”.
O serviço de reparo da bomba foi realizado no dia 5 de outubro. No entanto, novamente moradores flagraram e postaram novos despejos de esgoto no leito do córrego São Caetano.
O córrego possui importância regional, por abastecer de água o setor agrícola, na dessedentação de animais, no uso doméstico, recreação e lazer. Afluente do ribeirão córrego Fundo e do rio Araquá, ambos deságuam no rio Capivara, é o mais importante afluente à margem esquerda da bacia do Médio Tietê. A qualidade de sua água foi tema para a tese de doutorado de Ivan Fernandes de Souza, pela Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp.
Em seus resultados, o São Caetano foi enquadrado na classe 3, por “indicar focos de poluentes de esgoto doméstico não tratado, comprometendo a utilização da água no uso para irrigação de culturas e dessedentação animal na área rural”.
Conforme o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), há quatro classes de rios, que vão desde o consumo humano após tratamento simplificado, irrigação e proteção às comunidades aquáticas e de recreação (classe 1); para o abastecimento humano após tratamento convencional, proteção de comunidades aquáticas, irrigação, recreação aquática, pesca e aquicultura (classe 2); ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado, à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras, pesca amadora; recreação de contato secundário e bebedouros para animais (classe 3); navegação e harmonia paisagística (classe 4).
fonte: Flávio Fogueral – Jornal Leia Notícias