A avó do menino de 5 anos que foi encontrado com hipotermia dentro de um córrego na manhã desta quarta-feira (6), em Leme (SP), disse que o padrasto ligou para ela para avisar do desaparecimento da criança e até ajudou nas buscas.
Também disse que a criança tinha sonambulismo, distúrbio no qual a pessoa pode andar enquanto dorme.
“Ele falou pra nós que o menino tinha sonambulismo e aí abriu o portão e sumiu. Mas, meu neto não tem isso não. Eu falei pra ele que a história estava mal contada e ele continuou ajudando a gente a procurar o menino”, contou.
O homem de 25 anos foi preso e vai responder por tentativa de homicídio. O advogado de defesa dele informou que vai se manifestar sobre o assunto na quinta-feira (7).
A criança foi encontrada por uma mulher e disse que o atual companheiro da mãe, o qual ele também chama de pai, o jogou no córrego. O homem tentou fugir, mas foi capturado.
O menino está internado na Santa Casa de Araraquara. De acordo com o hospital, ele chegou sonolento e com marcas de violência. Foram realizados exames, ele está clinicamente estável e o pai o acompanha.
Suposto desaparecimento e buscas
De acordo com a avó paterna, durante a madrugada o suspeito ligou para ela e avisou sobre o suposto desaparecimento do menino. Ele alegou que a criança tinha sonambulismo e chegou a ajudar nas buscas.
“Ele contou isso por volta das quatro horas da manhã e aí a gente foi procurar o nenê. Ele foi com nós, ajudou a procurar, eu chamei minhas amigas, chamei o outro avô, postamos nas redes sociais e ele lá, ajudando a procurar”, disse.
Atualmente, a guarda do menino é partilhada. Ou seja, ele fica uma semana com a mãe e uma semana com o pai.
Como a mãe do menino estava desde a sexta-feira (1º) na Santa Casa acompanhando a outra filha, uma bebê de nove meses, em uma internação, a criança ficou durante o fim de semana todo com a família do pai e foi para a casa da mãe no domingo (3).
“A mãe dele tava no hospital. Aí conversou lá e deu alta para a menininha para poder vir embora. Ela [mãe] também estava desesperada. E pra ela poder vir embora pra casa, ele [padrasto] na maior cara de pau, que foi buscar no hospital”, declarou.
A mulher que encontrou o menino ligou para avó dizendo que havia o encontrado e acionou o Corpo de Bombeiros, que o encaminhou para a Santa Casa.
Fuga e luta corporal com PM
Após o relato da criança, a polícia foi até a casa do padrasto. Ao perceber a chegada das viaturas, ele passou a pular pelo telhado de diversas residências vizinhas. Foi feito o cerco e o homem entrou em luta corporal com um policial.
O homem estava agressivo e foi necessário fazer disparos de arma de incapacitação neuromuscular e algemas para conseguir contê-lo. Ele foi questionado sobre o caso, mas disse não se lembrar de nada e não explicou o motivo de ter fugido.
Versão do suspeito em depoimento
Ao ser interrogado, o indiciado, na presença de seu advogado, o homem disse que estava com familiares até aproximadamente 0h e entrou na residência para dormir, assim como a criança;
Disse que não se lembrava, mas pegou o garoto, levou para o carro e seguiu com ele até o córrego da Avenida Joaquim Lopes Aguila. Em determinado local parou o carro levou a criança até o leito do córrego e foi embora.
Depois retornou para casa e solicitou ajuda de familiares para procurar a criança.
O crime
O avô materno do menino procurou a polícia depois de receber a notícia do desaparecimento do neto pelo próprio suspeito de crime. Foi registrado um boletim de ocorrência de desaparecimento de pessoa.
O homem disse aos policiais que, desde junho de 2022, a filha é companheira do suspeito.
O padrasto disse ao avô que a criança havia ido à igreja com seu pai e teria voltado por volta das 22h. Quando chegou, a criança ficou com ele, um primo e uma amiga em frente a casa que moram até por volta das 23h30, quando foi dormir.
Inicialmente, o suspeito disse que por volta das 2h15 levantou para ir ao banheiro e viu que o menino não estava na cama. Que depois disso avisou o pai da criança, o avô materno, fez buscas e acionou a Polícia Militar.
Segundo o boletim de ocorrência, o avô da criança disse à polícia que notou que os pedais do carro usado pelo padrasto estavam sujos de barro.
O avô também disse que a criança já relatou ter sido agredida fisicamente pelo padrasto, mas que nunca foi registrado boletim de ocorrência.
Fonte: G1 (Foto: Arquivo Pessoal)