A Arábia Saudita anunciou a construção da primeira usina de “domo solar” capaz de dessalinizar água. A iniciativa é uma parceria entre o governo do país com a empresa privada Solar Water — sediada em Londres — e tem como objetivo desenvolver uma nova técnica neutra em carbono, livre de produtos químicos poluentes e sem grandes quantidades de eletricidade para transformar a água do mar em água doce potável, em escala de massa e comercial.
A proposta faz parte do projeto “NEOM”, o qual prevê um custo de US$ 500 bilhões para incentivar soluções em busca de um futuro limpo. O acordo foi assinado no final de janeiro de 2020 e a criação da usina — localizada no noroeste do país — já está em fase
final, prevista para ser concluída ainda neste ano.
“A planta é essencialmente uma panela de aço enterrada no subsolo, coberta por uma cúpula [de vidro], fazendo com que pareça uma bola”, disse David Reavley, presidente da Solar Water em entrevista à CNN Arabia. Essa instalação tem como base uma tecnologia experimental de energia solar concentrada, composta por refletores heliostáticos (com aparência similar a de painéis), os quais focam a radiação para o interior da base.
Em seguida, o calor armazenado é direcionado para a água do mar dentro da cúpula, fazendo com que o líquido evapore e então condense para se transformar em água para o consumo. O executivo afirma que a construção ecológica traz também como vantagem um relativo baixo valor e de fácil aplicação, o que pode promover seu uso econômico em diversas partes do mundo onde há a escassez de água potável, em especial no Oriente Médio.
Vale lembrar que a água cobre 71% da Terra, mas desse índice apenas 3% é água doce. Tendo em vista a falta do recurso em grandes porções do planeta em que também ocorrem poucas chuvas, encontrar alternativas motivam o esforço no desenvolvimento de novas tecnologias de dessalinização.
Além da Solar Water, outras empresas buscam esse fim, como a Solar Water Solutions e o Climate Fund Manager. Juntos, seus trabalhos já instalaram cerca de 200 unidades de dessalinização neutras em carbono no condado de Kitui (Quênia), com a promessa de fornecer água limpa para 400 mil pessoas até 2023. Outras experiências inovadoras, como nos Emirados Árabes Unidos, utilizaram “drones de chuva” para descarregar eletricidade em nuvens e estimular a precipitação.